Entre experiência e invenção:
incidências autobiográficas em Antônio Torres
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40184714Resumo
Na literatura de Antônio Torres, a presença de elementos que remetem a experiências pessoais e a características específicas de sua vida, trabalhados artisticamente, faz com que o memorialismo que rege a narração da história dos personagens mescle-se, em alguns momentos, com as memórias íntimas do escritor. Com base nessas características, este artigo tem por objetivo explorar, nos romances de Antônio Torres, os procedimentos de ficcionalização de dados vivenciais, dada a sua relevância no processo de construção narrativa e na relação autor-texto-leitor. A partir da leitura dialogal do conjunto de sua obra, buscamos apreender o delineamento de um “mito do escritor” ou de uma personalidade literária e a consequente edificação de um espaço autobiográfico, que se traduz num universo ficcional singular, em que personagens, temas e situações reaparecem com frequência, produzindo um elo comunicativo entre os textos e provocando a familiarização imediata do leitor. Além da produção de uma imagem literária de Antônio Torres, verificamos como a migração de elementos de ordem pessoal para a sua obra deixa penetrar, no plano ficcional, informações da realidade político-social que o autor presencia. Aproveitando-se da sua terra natal e de sua gente para retratar o impacto das transformações sociais sobre o povo do sertão, a obra de Torres acaba refletindo a preocupação em mostrar a crise de identidade do sertanejo nordestino, apegado à s lembranças de um passado que não se une ao presente.
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