Os discursos do etnólogo, do filósofo e do ficcionista na estrutura do romance Nove noites
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40184512Resumo
Este artigo pretende colocar em diálogo dois textos: “A estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas”, de Jacques Derrida, pensador francês, e Nove noites, de Bernardo Carvalho, romancista contemporâneo brasileiro. O texto de Derrida parece conter as matrizes do pensamento desconstrucionista do filósofo e parte de uma aporia lançada por Claude Lévi-Strauss na dicotomia natureza-cultura para questionar o modelo centrado do pensamento ocidental. Esse escândalo, assim, está ligado à atividade do etnólogo e tem suas origens na etnografia. Este texto procura, então, refletir como a ficção se apodera do discurso das ciências humanas para questioná-la, num movimento semelhante ao pensamento de Derrida na interpelação permanente do desconstrucionismo ao discurso científico. A narrativa, que de início parecia conduzir para a resolução de um crime, à guisa de romance policial ou relato jornalístico, frustra as expectativas do leitor, terminando por diluir o que parecia ser a trajetória segura de uma estrutura montada em torno de um firme centro.
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Referências
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