Fitozoônimos associados a espécies de Myrtaceae, Solanaceae e Poaceae na Bahia
Palavras-chave:
etnobotânica; fitonímia; conhecimento tradicional; nomes populares.Resumo
A interação dos seres humanos com os ecossistemas nos quais estão inseridos e com os elementos bióticos neles encontrados proporcionou a criação de estratégias que levaram à sua adaptação e evolução sociocultural. O desenvolvimento da linguagem, por exemplo, surgiu da necessidade de estabelecer uma comunicação eficiente entre indivíduos para lidar com os desafios impostos pelo ambiente. A etnobotânica é um campo de estudos que está inserido nas etnociências e possui como objetivo principal compreender a relação dos seres humanos com a flora, inclusive investigando os processos de identificação, nomeação e classificação das plantas. O presente trabalho, por meio da perspectiva da ecolinguística e da semântica, analisa a formação e estruturação dos nomes populares de espécies das famílias Solanaceae, Myrtaceae e Poaceae presentes no acervo do Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Os dados foram obtidos das exsicatas depositadas no HUEFS. Foram contabilizadas 540 exsicatas, das quais foram selecionadas aquelas cujos etnonomes faziam alusão a animais ou a partes anatômicas ou processos fisiológicos destes, resultando na análise de 29 exsicatas referentes à Myrtaceae, 31 para Poaceae e 7 para Solanaceae. Em relação ao levantamento e à sistematização dos fitozoônimos analisados, podemos destacar os seguintes elementos formadores dos fitônimos: (i) referência direta aos animais; (ii) referência a partes corporais dos animais; (iii) “produtos” metabólicos dos animais; (iv) outros elementos nominativos; e (v) verbos de ação. Para as três famílias, os grupos zoológicos mais citados foram os mamíferos e as aves, com destaque aos lexemas boi e ema. Constatou-se a ocorrência de polissemia, como, por exemplo, as plantas denominadas erva-de-rato, e casos de sinonímia, como ocorre com a espécie Dactyloctenium aegyptium (L.) Willd., conhecida como capim-mão-de-sapo e pé-de-periquito. Parte considerável dos fitozoônimos analisados tem como motivação de nomeação as semelhanças morfológicas entre as espécies vegetais e os animais a que fazem referência, ou entre espécies de plantas distintas. As espécies que possuem relevância agropecuária são as mais conhecidas e recebem mais designações populares, o que varia de acordo com a região em que foram coletadas. Os resultados demonstram que os nomes populares constituem referências-chave de um sistema formado por símbolos que representam a visão que os indivíduos têm a respeito das plantas. Não obstante, a investigação acerca da formação de nomes comuns de plantas é um campo pouco explorado no Brasil.
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