Variedades linguísticas na tradução da comédia antiga: Sobre as variadas formas de rir da diferença
DOI:
https://doi.org/10.26512/dramaturgias.v0i7.9515Palavras-chave:
Tradução, Teatro, Comédia, Riso, Sociolinguística.Resumo
Partindo da importá‚ncia que as discussões acadêmicas têm reconhecido nos debates sobre a diferença e a alteridade atualmente, este texto pretende con- siderar os modos segundo os quais o riso e a linguagem podem se posicionar socialmente perante tais questões. Para isso, proponho considerações gerais sobre certas dimensões sociais do riso e da linguagem ”“ como formas de afir- mar determinados valores em grupo ”“ e analiso, em seguida, os casos espe- cíficos do uso (ou não) de diferentes variedades linguísticas como modo de suscitar o riso nas traduções de comédias antigas para o português contem- porá‚neo. Concentro-me nas traduções das seguintes peças de Aristófanes: Acarnenses (traduzida por Ana Maria César Pompeu, em 2014, e por Maria de Fátima de Sousa e Silva, em 1980) e Lisístrata (traduzida por MilloÌ‚r Fernandes, em 2003; Adriane da Silva Duarte, em 2005; Ana Maria César Pompeu, em 2010; e Trajano Vieira, em 2011). Mais do que fazer avaliações decisivas sobre tais traduções, a proposta do presente texto é fomentar o de- bate sobre a teoria e a prática da tradução de teatro no Brasil, especialmente em sua sempre delicada e difícil tarefa de manifestar o riso pela linguagem, respeitando a diferença e a alteridade.
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Referências
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