Plataformização Solidária

2023-10-17

Plataformização Solidária
Chamada de artigos Revista Ciência & Tecnologia Social (CTS) - Universidade de
Brasília (UNB)

Editores convidados: Rafael A. F. Zanatta (Universidade de São Paulo - USP) e Victor
Barcellos (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ).

Chamada pública de artigos para integrar o dossiê que comporá a edição volume 5 número 1
(2023) da Revista Ciência & Tecnologia Social - CTS (ISSN 2236-7837).

Diversas iniciativas que prometem mais autonomia e melhores condições para os
trabalhadores de plataforma se proliferam ao redor do mundo. Na América Latina começaram
a ganhar cada vez mais corpo nos últimos anos. Com inspirações, modelos de governança e
formas de trabalho bastante diversos, tais projetos escalam em visibilidade e aderência num
contexto de plataformização do trabalho, o qual aparece como sinônimo da precarização.

Tais experiências têm sido observadas a partir de lentes como as do cooperativismo de
plataforma (Scholz), plataformas de propriedade dos trabalhadores (Grohmann) e da
Economia Solidária 2.0 (Neder et at.). Em comum, observa-se uma contestação do modelo de
empreendedorismo estilo “Big Tech” (Morozov) do Vale do Silício e um retorno aos valores
da economia solidária, dos princípios do cooperativismo e da justiça social.

Propomos o conceito de Plataformização Solidária a partir da constatação de que parte
significativa dessas experiências não se enquadra no modelo jurídico nacional de uma
cooperativa e não poderiam ser enquadradas no “cooperativismo de plataforma” em termos
formais. Além disso, apesar de usufruírem de significativa dose maior de papel na gestão e
preocupação quanto a parâmetros de trabalho decente se comparadas às plataformas
corporativas, raramente chegam a ser proprietários formais dessas organizações-plataformas.
Em muitos casos, estamos diante de plataformizações solidárias que não implicam em
compromisso com todos os princípios do cooperativismo e não implicam em formalizar
arranjos de propriedade imaterial nos dedos dos trabalhadores digitais.

Ainda assim, consideramos que projetos como o do Cataki e o AppJusto e outros, inspirados
na tradição da Economia Solidária, apresentam potencial para a imaginação de novos arranjos
possíveis do trabalho na economia digital. Nos termos da socióloga Juliet Schor, são formas
de plataformização que se opõem à lógica corporativa e os modelos clássicos de gestão
eficiente e voltada à maximização de retornos aos acionistas. Nesse sentido, questionamos:
quais as evidências de uma plataformização solidária no Brasil? De que modo esse fenômeno
se apresenta em seus contornos sociais, econômicos e tecnológicos?

Incentivamos a submissão de trabalhos relacionados às temáticas abaixo ou correlatas:
- Plataformização do trabalho e laços de solidariedade
- Tecnologia social e novos arranjos do trabalho

-Cooperativismo de plataforma na América Latina
- A tradição da economia solidária e as novas tecnologias
- Aspectos jurídicos de experiências autogestionárias do trabalho digital
- Economia solidária e políticas públicas
- Estudos de caso e entrevistas de experiências de plataformização solidária

Prazo para envio de propostas: 31/12/23

As diretrizes para autores(as) encontram-se no seguinte link:
https://periodicos.unb.br/index.php/cts/about/submissions