Limites Constitucionais das Assimetrias Regulatórias na Regulação das Telecomunicações no Brasil

Autori

DOI:

https://doi.org/10.26512/lstr.v16i1.53741

Parole chiave:

Anatel. Assimetrias regulatórias. Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações. Prestadoras de Pequeno Porte. Regulação responsiva.

Abstract

[Propósito] O presente artigo se propõe a analisar a validade jurídico-constitucional da nova redação do Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviços de Telecomunicações (RGC) enquanto uma medida de assimetria regulatória promovida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

[Metodologia/abordagem/design] Para tanto, resgata-se o papel da Agência como um agente com poderes normativos para, no âmbito da regulação do setor, estabelecer assimetrias, que, nada obstante, devem respeitar os princípios da isonomia, da livre concorrência, os direitos do consumidor e o núcleo essencial dos direitos ponderados.

[Resultados] A análise das assimetrias atualmente existentes mostra que a maioria dos usuários dos serviços de telecomunicações no Brasil não está protegida pelo RGC. Como consequência, o RGC ou não lhe reconhece direitos considerados essenciais, ou cria direitos de fruição considerada supérflua, onerando unicamente as grandes operadoras. Consequentemente, a medida não se coaduna com o modelo de regulação responsiva adotado pela Anatel.

[Implicações práticas] O artigo aponta para a necessidade de revisar ou as assimetrias regulatórias concedidas às PPPs, por serem, de fato garantias institucionais à defesa do consumidor e, portanto, indisponíveis, ou o regime de direitos e encargos imposto pelo RGC às prestadoras como um todo, que demanda o cumprimento de medidas que, não sendo essenciais aos consumidores, não poderiam ser exigidas das operadoras em geral.

Downloads

I dati di download non sono ancora disponibili.

Biografie autore

Marcio Iorio Aranha, University of Brasilia

Marcio Iorio Aranha is an Associate Professor of Constitutional and Administrative Law at the University of Brasilia School of Law He is the Executive-Director of the University of Brasilia School of Law Center on Law and Regulation (NDSR/FD/UnB), where he is chief editor of the Journal of Law and Regulation, and the Law, State and Telecommunications Review. He founded and currently co-coordinates the University of Brasilia Telecommunications Law Research Group (GETEL). Member of the Centro Latam Digital (centrolatam.digital) Board of Advisors since 2023. From 2014 to 2023, he was the Dean of the Research Center on Communication Policy, Law, Economics and Technology (CCOM/UnB). Since 2015, he has been an International Affiliate of the Annenberg Research Network on International Communication (ARNIC/University of Southern California), where he had been Visiting Fellow from 2007 to 2014. He was vice-president of the Communication Policy Research Latin America network (CPRLATAM) from 2013 to 2019. He teaches at the University of Brasilia Ph.D, LL.M and J.D. programs of Law on the subjects of Constitutional and Administrative Law, General Theory of Public Law, Regulatory Theory and Practice, and Telecommunications Law. He led the team that wrote the Scoping Study Reports for the Brazilian Government's Review of the Telecommunication Regulatory Model (2019-2021), the Responsive Regulation Report for the Civil Aviation Agency (2021), the Broadcasting Legal and Regulatory Reform in Brazil (2022-2023), and the Digital Ecosystem Regulation Reform in Brazil (2022-2024).

Laura Schertel Mendes, IDP

Pesquisadora sênior visitante na Goethe-Universität Frankfurt am Main, com a Bolsa Capes/Alexander von Humboldt. Ela é advogada e professora de direito na Universidade de Brasília (UnB) e no Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa (IDP). É diretora do Centro de Internet, Direito e Sociedade do IDP, membro do Conselho Nacional de Proteção de Dados e Privacidade (CNPD), co-diretora da Associação Luso-Alemã de Professores de Direito (DLJV-Berlim) e relatora da Comissão de Juristas responsável por aconselhar o Senado Brasileiro sobre a regulamentação da inteligência artificial no Brasil. E-mail: laura.schertel@unb.br.

Gabriel Campos Soares da Fonseca, USP

Doutorando em Direito Econômico na Universidade de São Paulo (USP), com período de pesquisa no Weizenbaum Institut e no Wissenschaftszentrum Berlin für Sozialforschung. Pesquisador Associado ao CCOM/UnB e ao CEDIS/IDP. E-mail: gabrielcsfonseca@gmail.com.

Riferimenti bibliografici

ARAGÃO, A. S. Direito dos serviços públicos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

_____. Serviços Públicos e Concorrência. Revista de Direito Administrativo – RDA. Rio de Janeiro: v. 233, jul./set. 2003.

ARANHA, M. I. Interpretação Constitucional e as Garantias Institucionais dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Atlas, 1999.

_____. Manual de Direito Regulatório: Fundamentos de Direito Regulatório. Londres: Laccademia Publishing, 2023.

AYRES, I.; BRAITHWAITE, J. Responsive Regulation: Transcending the Deregulation Debate. Oxford: Oxford University Press, 1992.

BALDWIN, R.; BLACK, J. Really Responsive Regulation. LSE Law, Society and Economy Working Papers, Londres, v. 15, p. 1-47, 2007.

BARROSO, L. R. A ordem econômica constitucional e os limites à atuação estatal no controle de preços. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 226, p. 187-212, out./dez. 2001, p.203-206.

_____. Agências Reguladoras. Constituição, Transformações do Estado e Legitimidade Democrática. In.: BINENBOJM, G. (coord.) Agências Reguladoras e Democracia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.

BINENBOJM, G. Assimetria Regulatória no Setor de Transporte Coletivo de Passageiros: a constitucionalidade do art. 3° da Lei n° 12.996/2014. Revista de Direito da Cidade, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, 2017, p. 1274.

BLANCHET, L. A., GAZOTTO, G. M., FERNEDA, A. S. Sandbox regulatório e tecnologias disruptivas: incentivos à inovação e inclusão financeira por meio das Fintechs. Revista Eurolatinoamericana de Derecho Administrativo, 7(2): 71-87, jul./dez. de 2020.

BRAITHWAITE, J. Evidence for Restorative Justice. The Vermont Bar Journal & Law Digest, v. 40, p. 18-22, Summer 2014.

FREITAS, L. C.; MOURA FILHO, R. N.; STANZANI, J.; MOREIRA, R. M.; MORAIS, L. E. Obrigações de fazer em sanções regulatórias no Brasil: aplicação ao setor de telecomunicações. Revista de Direito, Estado e Telecomunicações, v. 11, n. 2, p. 71-86, outubro 2019.

FRIEDEN, R. Wither convergence: legal, regulatory, and trade opportunism in telecommunications. Santa Clara Computer & High Tech Law Journal, v. 18, 2002.

HESSE, K. Grundzüge des Verfassungsrechts der Bundesrepublik Deutschland. Heidelberg: C.F. Müller Verlag, 1999.

KLEIN, A. L. O porto organizado como bem público e a delimitação de sua área. In.: PEREIRA, C.; SCHWIND, R. W. (Org.). Direito Portuário Brasileiro: Lei 12.815 - Poligonal, Arrendamento e Autorização, Arbitragem. São Paulo: Marcial Pons, 2015.

LYON, T.; HUANG, H. Asymetric Regulation and incentives for innovation. Industrial and Corporate Change, v. 4, n. 4, 1995.

MARQUES NETO, F. A. Limites à abrangência e à intensidade da regulação estatal, Revista de Direito Público da Economia, Belo Horizonte, n. 1, 2003.

_____; FREITAS, R. V. Uber, Whatsapp e Netflix: os novos quadrantes da publicatio e da assimetria regulatória. Revista de Direito Público da Economia, Belo Horizonte, ano 14, n. 56, p. 75-108, out./dez. 2016.

_____; ZAGO, M. F.. Limites das assimetrias regulatórias e contratuais: o caso dos aeroportos. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 277, n. 1, p. 175-201, jan./abr. 2018.

WEISMANN, D. L. Default capacity tariffs: smoothing the transitional regulatory asymmetries in the telecommunications market. Yale Law Journal on Regulation, v. 5, 1998.

WINTER, E. L. S. Sandbox Regulatório e os desafios das Fintechs. Revista de Estudos Jurídicos UNA 5(1): 60-73, 2018.

##submission.downloads##

Pubblicato

2024-05-11

Come citare

IORIO ARANHA, Marcio; SCHERTEL MENDES, Laura; CAMPOS SOARES DA FONSECA, Gabriel. Limites Constitucionais das Assimetrias Regulatórias na Regulação das Telecomunicações no Brasil. Law, State and Telecommunications Review, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 384–411, 2024. DOI: 10.26512/lstr.v16i1.53741. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/RDET/article/view/53741. Acesso em: 23 nov. 2024.