O Padre José Maurício Nunes Garcia

um embranquecimento historiográfico

Autores

Palavras-chave:

Padre José Maurício Nunes Garcia, Historiografia, Embranquecimento, Musicologia

Resumo

Este artigo busca revisitar a historiografia sobre o compositor negro brasileiro Padre José Maurício Nunes Garcia. O texto inicia com os primeiros escritos sobre o músico, por Manuel de Araújo Porto Alegre, seguidos pela produção de Taunay, Luiz Heitor, Rossini de Lima e Renato Almeida, considerados sob o viés romântico da Musicologia. Verificou-se como houve um velado ou às vezes um deliberado embranquecimento da figura do Padre, de modo a torná-lo mais palatável ao gosto da elite europeizada. Bruno Kiefer e Vasco Mariz, mais recentes, não trouxeram uma perspectiva diferente, porém acentuaram ainda mais esse clareamento, assim como Cleofe de Mattos que, mesmo apoiada em fontes primárias, ainda mantém esse mesmo viés historiográfico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Academia Nacional de Medicina. 2020. “José Mauricio Nunes Garcia Junior.” http://www.anm.org.br/conteudo_view.asp?id=1772

Almeida, Renato. 1926. História da Música Brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguiet.

Andrade, Mário de. 1980 [1930]. Modinhas imperiais. Belo Horizonte: Itatiaia.

Andrade. 2006 [1933]. Música, doce música. Belo Horizonte: Itatiaia.

Biblioteca Nacional. 1962. Música no Rio de Janeiro Imperial: 1822-1870. Biblioteca Nacional, Ministério da Educação e Cultura. http://bndigital.bn.gov.br/acervodigital

Campos, Antônio. 2016. “Marcos Portugal x Padre José Maurício: o humilde resignado”. Artigo publicado no site Movimento.com em 18 de junho de 2016. https://movimento.com/marcos-portugal-x-padre-jose-mauricio-o-humilde-resignado/

Figueiredo, Carlos Alberto. 2012. “Garcia, José Maurício Nunes”. In Dicionário Biográfico Caravelas Núcleo de Estudos da História da Música Luso-Brasileira. Editado por David Cranmer, 1-51. Rio de Janeiro: UFRJ. https://cesem.fcsh.unl.pt/

Freyre, Gilberto. 1995 [1933]. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro: Record.

Gama, Mauro. José Maurício ”“ o padre compositor. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.

Garcia, José Maurício Nunes, Gonçalves Dias, Almeida Rosa, Porto Alegre, e Macedo. 1849. Mauricinas: colecção de cancõens e valsas dedicadas à Memoria do Pe. Me. Jozé Mauricio Nunes Garcia, ornada com o seu retrato desenhado pelo doutor José Mauricio Nunes Garcia. Rio de Janeiro, Lith. de Heaton & Rensburg, Rua d'Ajuda n.° 68. http://bndigital.bn.gov.br/acervodigital

Hazan, Marcelo Campos. 2009. “Raça, Nação e José Maurício Nunes Garcia”. Resonancias: Revista de investigación musical 13, no. 24: 23-40, 2009.

Heitor, Luiz. 1930. “O espírito religioso na obra de José Maurício”. Ilustração Musical 3: 75-8.

Heitor, Luiz. 1950. Música e músicos do Brasil: História ”“ Crítica ”“ Comentários. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil.

Heitor, Luiz. 1956. 150 anos de Música no Brasil: (1800-1950). Rio de Janeiro: José Olympio.

Hofbauer, Andreas. 2006. Uma história de branqueamento ou o negro em questão. São Paulo: Unesp.

Kerr, Dorotéa e Pedro Razzante Vaccari. 2019. “The Hegemony of Europeanism in the Work of José Maurício Nunes Garcia”. Association of Ethnomusicology 2, no. 1: 117-127. https://dergipark.org.tr/en/pub/etnomuzikoloji/issue/50215

Kiefer, Bruno. 1997 [1976]. História da Música Brasileira: dos primórdios ao início do século XX. Porto Alegre: Movimento.

Krause, Gustavo Bernardo. 2008. “A reação do cético à violência: o caso Machado de Assis”. In Crônicas da antiga corte: literatura e memória em Machado de Assis, organizado por Marli Fantini. Belo Horizonte: EdUFMG.

Lemos Pacheco, Ana Cláudia. 2006. “Raça, gênero e relações sexual-afetivas na produção bibliográfica das Ciências Sociais Brasileiras: um diálogo com o tema.” Afro-Ásia 34: 153-188. http://dx.doi.org/10.9771/aa.v0i34.21116

Lima, Manoel Ricardo de. 2002. Entre percurso e vanguarda: alguma poesia de P. Leminski. Fortaleza: Annablume.

Mariz, Vasco. 1994 [1981]. História da Música no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Mattos, Cleofe Person de. 1997. José Maurício Nunes Garcia: Biografia. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional.

Mattoso, Kátia M. de Queirós. 1981. “No Brasil escravista: relações sociais entre libertos e homens livres e entre libertos e escravos.” Revista Brasileira de História 2, no.1: 219-233.

Porto Alegre, Manuel de Araújo. 1856. “Apontamentos sobre a vida e a obra do Padre José Maurício Nunes Garcia”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tomo 19: 354-69.

Porto Alegre, Manuel de Araújo. 1836. “Ideias sobre música”. Revista Nitheroy no. 1: 160-183. https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm-ext/1272

Porto Alegre, Manuel de Araújo. 1850. “Mauricinas”. Revista Guanabara, tomo 1: 332-334. http://bndigital.bn.br/acervo-digital

Schwarcz, Lilia Moritz. 2008 [1993]. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras.

Silva, Paulo José Carvalho da. 2008. “Um sonho frio e seco: considerações sobre a melancolia.” Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental 11, no. 2: 286-297. https://doi.org/10.1590/S1415-47142008000200011

Taunay, Visconde de. 1897. Esboceto biográphico. Rio de Janeiro: s.e.(?).

Taunay, Visconde de. 1930. Dous artistas maximos: José Mauricio e Carlos Gomes. São Paulo: Melhoramentos.

Taunay, Visconde de. 1930. Uma grande glória brasileira José Maurício Nunes Garcia. São Paulo: Melhoramentos.

Vaccari, Pedro Razzante. “Padre José Maurício Nunes Garcia e o mulatismo musical: embranquecimento histórico”? Revista Música da USP, São Paulo 18, no. 1 2018: 170-85. http://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/145563

Downloads

Publicado

2019-12-25

Como Citar

Vaccari, Pedro Razzante. 2019. “O Padre José Maurício Nunes Garcia: Um Embranquecimento historiográfico”. Música Em Contexto 13 (2):53-70. https://periodicos.unb.br/index.php/Musica/article/view/32057.

Edição

Seção

Artigos