Tornar-se Pai: A Paternidade como Inscrição Subjetiva da Finitude

Autores

  • Evandro de Quadros Cherer Universidade de Brasília
  • Andrea Gabriela Ferrari Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Cesar Augusto Piccinini Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.1590/0102.3772e34433

Palavras-chave:

Relações pais-criança, Paternidade, Teoria psicanalítica

Resumo

Este estudo investigou a experiência subjetiva da paternidade em dois momentos do desenvolvimento, no sexto mês e ao final do segundo ano de vida da criança. Participaram do estudo três pais primíparos, com idade de 30 a 45 anos e escolaridade de ensino superior. Utilizou-se um delineamento de estudo de caso coletivo, de caráter longitudinal, em que os pais responderam a entrevistas nos dois momentos propostos. As entrevistas foram analisadas com base na teoria psicanalítica. Os resultados corroboraram a expectativa de que tornar-se pai estaria associado à inscrição subjetiva da finitude. Esse processo indica um movimento intrínseco à paternidade, exigindo renúncias e lutos dos pais, movimento que permitiu o bebê ser tomado como objeto de desejo paterno.

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Biografia do Autor

Evandro de Quadros Cherer, Universidade de Brasília

Doutor em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande Sul (PPGPSICO/UFRGS). Psicólogo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é pesquisador no Núcleo de Infância e Família (NUDIF/UFRGS). Temas de interesse: parentalidade, psicologia hospitalar, assim como teoria e clínica psicanalítica.

Andrea Gabriela Ferrari, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicóloga, Psicanalista. Doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Docente do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Cesar Augusto Piccinini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Psicólogo. Doutor em Psicologia pela University of London (Inglaterra), com Pós-Doutorado na mesma Instituição, pesquisador do CNPq e docente do PPG Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  

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Publicado

2019-02-21

Como Citar

Cherer, E. de Q., Ferrari, A. G., & Piccinini, C. A. (2019). Tornar-se Pai: A Paternidade como Inscrição Subjetiva da Finitude. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 34. https://doi.org/10.1590/0102.3772e34433

Edição

Seção

Estudos Empíricos

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