O riso do filósofo no momento da morte

Autores

  • José André Ribeiro Universidade Federal do Ceará

Palavras-chave:

Platão;, Sócrates;, Fédon;, Riso e Morte

Resumo

Procura-se sempre dar um maior destaque ao sentido trágico da morte de Sócrates, encenada no Fédon, para interpretar o seu caráter exortativo, do que a outros possíveis sentidos. De fato, o Fédon representa na tranquilidade de Sócrates diante da morte uma característica de enfrentamento trágico, mas que não se reduz a um único modo de conduta. O diálogo promove, além disso, um contraste entre o sentido trágico das ações dos companheiros do filósofo e o olhar repreensivo de Sócrates diante desse comportamento. Diante da conduta emocionada de seus companheiros, que choram ao vê-lo ingerir o veneno e, ao mesmo tempo, reagindo a uma pergunta de Críton sobre como deveria ser enterrado (Phd. 115c-e), Sócrates acaba por “rir assim levemente” (γελάσας δὲ ἅμα ἡσυχῇ). A partir disso, a proposta deste trabalho é desvendar o sentido dessa tranquilidade da alma, procurando superar uma interpretação puramente trágica da morte de Sócrates, para situar como o contexto do diálogo se desdobra em um “riso leve” do filósofo diante das preocupações dos seus companheiros. Para tanto, o trabalho tem o objetivo de tentar compreender quais seriam as consequências filosóficas desse estranho comportamento de Sócrates no contexto geral do diálogo.

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Biografia do Autor

José André Ribeiro, Universidade Federal do Ceará

Instituto Federal da Bahia. Doutorando Universidade Federal do Ceará.

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Publicado

2016-11-07

Como Citar

Ribeiro, J. A. (2016). O riso do filósofo no momento da morte. PHAINE: Revista De Estudos Sobre Antiguidade, 1(1), 51–66. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/phaine/article/view/7183

Edição

Seção

Artigos