Formação de professores e reformas curriculares: entre projeções e normatividade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/lc.v25.2019.26200

Palavras-chave:

Política de currículo, Formação docente, Teoria do discurso, Responsabilidade

Resumo

Neste texto, objetivamos desestabilizar a significação essencializada para a identidade do/da professor/a, bem como questionar a responsabilização/culpabilização docente pelos resultados da escolarização nas políticas para a formação de professores. Recorremos à teoria do discurso (TD), de Laclau & Mouffe, e à perspectiva discursiva das políticas curriculares, desenvolvida por Lopes & Macedo no Brasil. Defendemos que os projetos de futuro para a formação de professores, em um cenário delineado pela crise educacional e pelo risco à democracia, vêm produzindo sentidos horríficos e beatíficos no âmbito das políticas educacionais. As matrizes de substituição da ordem e do reconhecimento, ou seja, na ordem da economia, quer seja da família, da escola, da justiça, precipitam, na radical contingência, que a decisão seja assumida pelos sujeitos menos pelo rationale que possa comportar e mais pela radical indecidibilidade constitutiva da responsabilidade marcada pela ausência de certezas e pela urgência da decisão/autoria.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Geniana dos Santos, Universitário de Várzea Grande

Coordenadora da Educação Infantil e Ensino Fundamental na Secretaria do Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC) e Docente no Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG-MT).

Email: genianacba@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6926-0132

Veronica Borges, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professora do Programa de Pós-graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 

Email: borges.veronica@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0011-1769

Alice Casimiro Lopes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Professora do Programa de Pós-graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Procientista nesta mesma instituição. É Cientista do Nosso Estado Faperj e bolsista PQ 1B do CNPq. 

Email: alicecasimirolopes@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9943-9117

Referências

Afonso, A. J. (2009) Políticas avaliativas e accountability em educação: subsídios para um debate ibero-americano. Sísifo, Lisboa, n. 9, p. 57-69.

Afonso, A. J. (2013) Mudanças no Estado-avaliador: comparativismo internacional e teoria da modernização revisitada. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, RJ, v. 18, n. 53, p. 267-284.

Afonso, A. J. (2014) Questões, objetos e perspectivas em avaliação. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 19, n. 2, p. 487-507.

Ball, S. J. (2004) Performatividade, privatização e o pós-Estado do bem-estar. Educação & Sociedade, Campinas, SP, v. 25, n.89, p. 1105-1126.

Ball, S. J. (2009). A internacionalização das políticas educativas na América Latina. Currículo sem Fronteiras, v.9, n.2, pp.32-50.

Ball, S. J. (2010). Performatividade e fabricações na economia educacional: rumo a uma sociedade performativa. Educação & Realidade. v. 2, n. 32, p. 37-55.

Ball, S. J. (2012). Reforma educacional como barbárie social: economismo e o fim da autenticidade. Práxis Educativa. v. 7, n. 1, p. 33-52.

Ball, S. J. (2014). Educação global S.A. Novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Ponta Grossa, Editora UEPG: 2014. Cap 1: Redes Neoliberalismo e mobilidade das políticas.

Biesta, G. (2013). The beautiful risk of education. London: Paradigm.

Brooke, N. (2006). O futuro das políticas de responsabilização educacional no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 36, n. 128, p. 377-401.

Brooke, N. (2008). Responsabilização educacional no Brasil. Revista Iberoamericana de Evaluación Educativa. v. 1, pp. 93-109.

Brooke, N. (2013). Controvérsias sobre políticas de alto impacto. Cadernos de Pesquisa, São Paulo: Fundação Carlos Chagas, v. 43, n. 148, p. 336-347.

Brown, W. (2015). Undoing demos. Brooklyn, New York: Zone BOOKS.

Clarke, M. (2015). Lacanian perspectives on education policy analysis. In: Kalervo, N. Gulson; Clarke, Mathew; Petersen, Eva Bendix. Education Policy and Contemporary Theory. London, Routledge. E-book.

Derrida, J. (1994). Espectros de Marx: o estado da dívida, o trabalho do luto e a nova Internacional. Rio de Janeiro: Relume-Dumará.

Derrida, J. (2006) Dar la muerte. Buenos Aires: Paidós/Surcos.

Dias Sobrinho, J. (2003). Avaliação: políticas educacionais e reformas da educação superior. São Paulo: Cortez.

Freitas, L. C. de. (2012) Os reformadores empresariais da educação: da desmoralização do magistério à destruição do sistema público de educação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 33, n. 119, p. 379-404.

Freitas, L. C. de. (2013) Políticas de responsabilização: entre a falta de evidência e a ética. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 148, p. 348-365.

Freitas, L. C. de. (2014) Os reformadores empresariais da educação e a disputa pelo controle do processo pedagógico na escola. Educação & Sociedade, Campinas, v. 35. nº 129, p. 1085 – 1114.

Gimeno Sacristán, J. (1994) La Pedagogia por objetivos: obsesión por la eficiência. Madri: Morata.

Haddock-Lobo, R. (2013). Notas sobre o trajeto aporético da noção de experiência no pensamento de Derrida. Educação e Filosofia. Uberlândia, v. 27, n. 53, p. 259-274.

Hargreaves, A. (1999) Profesorado, cultura y posmodernidad: cambian los tempos, cambia el professorado. Madrid: Edicionaes Morata.

Labaree, D. F. (1998). How to suceed in school without really learning. Yale: Yale University Press.

Laclau, E. (1990). New reflections on the Revolution of our Time. London: Verso.

Laclau, E. (2006) Misticismo, retórica y política. Buenos Aires/México: Fondo de Cultura Económica.

Laclau, E. (2011a). Poder e representação. Emancipação e diferença; coordenação e revisão técnica geral, Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 129-156.

Laclau, E. (2011b). O tempo está deslocado. Emancipação e diferença; coordenação e revisão técnica geral, Alice Casimiro Lopes e Elizabeth Macedo. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 107-128.

Laclau, E., Mouffe, C. (2011) Hegemonia e Estratégia Socialista. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica.

Lopes, A. C. & Macedo, E. (2011) Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez.

Lopes, A. C. (2006) Discursos nas políticas de currículo. Currículo sem Fronteiras, v. 6, p. 33-52.

Lopes, A. C. (2014) Mantendo o conhecimento na conversação curricular, porém via discurso: um diálogo com Gert Biesta. Educação (PUCCamp), v. 19, p. 99-104.

Lopes, A. C. (2015) Por um currículo sem fundamentos. Linhas Críticas, Brasília, DF, v. 21, n. 45, p. 445-466, mai./ago. http://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/16735/11881

Lopes, A. C. (2018) Políticas de currículo em um enfoque discursivo: notas de pesquisa. In: Alice Casimiro Lopes; Anna Luiza Martins de Oliveira; Gustavo Gilson de Oliveira. (Org.). A Teoria do Discurso na Pesquisa em Educação. Recife: Editora da UFPE, v. 1, p. 133-167.

Lopes, A. C., & Borges, V. (2015) Formação docente, projeto impossível. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas. Impresso), v. 45, p. 486-507.

Macedo, E. (2006) Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v.11, n. 32.

Macedo, E. (2015) Base Nacional Curricular Comum: a falsa oposição entre conhecimento para fazer algo e conhecimento em si. Texto apresentado no V SEB. Campinas: Cedes/Unicamp.

MEC. (2014) Por uma política curricular para a educação básica. Brasília: MEC/SEB.

MEC. (2015) Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB.

Mouffe, C. (2005). On the political. London: Routledge.

Oliveira, D. A. (2005) Regulação das políticas educacionais na América Latina e suas consequências para os trabalhadores docentes. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 753-775.

Ravitch, D. (2011) Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Trad. de Marcelo Duarte. Porto Alegre: Sulina.

Santos, G. (2017) “O meu aluno não lê”: sentidos de crise nas políticas curriculares para a formação em leitura. 232 f. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Santos, G., & Couto, B. (2018) A Proficiência em Alfabetização: contextualização sobre a Leitura, Escrita e Matemática a partir dos indicadores de larga escala. In.: Santos, G. et al. Processos de Alfabetização e o Sistema de Escrita Alfabética: aspectos e delineamentos que incidem na ação Didática. XIX Endipe, Salvador, Bahia.

Taubman, P. (2009) Teaching by numbers: Deconstructing the discourse of standards and accountability in education. New York: Routledge.

Downloads

Publicado

15.07.2019

Como Citar

Santos, G. dos, Borges, V., & Lopes, A. C. (2019). Formação de professores e reformas curriculares: entre projeções e normatividade. Linhas Crí­ticas, 25, e26200. https://doi.org/10.26512/lc.v25.2019.26200

Edição

Seção

Dossiê: Currículo e Avaliação da Aprendizagem

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.