Poros e Penia:

privação ou ambivalência do amor?

Authors

  • Juliano Paccos Caram Universidade Federal da Fronteira do Sul

Keywords:

Simposio, apetite, ambivalência, privação

Abstract

Ao longo da leitura do Simpósio de Platão, é possível compreender a estreita relação entre o apetite (á¼Ï€Î¹Î¸Ï…μία) e o amor (á¼”Ïως), enquanto este se manifesta, em última instância, como um apetite de imortalidade (á¼Ï€Î¹Î¸Ï…μία τῆς á¼€Î¸Î±Î½Î±ÏƒÎ¯Î±Ï‚). Entretanto, este mesmo amor, que potencializa a alma na descoberta do belo em si mesmo (τὸ καλόν), também pode aprisionar o homem na sedução do sensível, levando-o a crer que nada é mais real do que a experiência amorosa pura e simples que se esgota na apreciação de um belo corpo. É, pois, nessa tensão entre as coisas físicas e aquelas verdades eternas que as sustentam que se inscreve a ambivalência de eros. Nossa análise pretende, através de uma leitura do mito-alegoria de Poros e Penia, contado pela sacerdotisa de Mantinéia, Diotima, a partir do passo 203a do Simpósio, demonstrar como a ambivalência constituinte do amor já se encontra, tout court, nas próprias características dos progenitores de eros, tais como delineadas por Platão nesse trecho. Penia, a deusa da Pobreza, seria essencialmente responsável pela precariedade e passividade de Eros perante as coisas sensíveis ou, também de modo ambivalente, já na descrição da deusa encontram-se indícios de uma potência criativa capaz de planejamento e de atividade? E o que dizer de Poros, pai do amor? Ele explicaria suficientemente bem este apetite incessante de Eros que deseja ir sempre mais além do objeto já experimentado?

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Author Biography

Juliano Paccos Caram, Universidade Federal da Fronteira do Sul

Professor de História da Filosofia Antiga na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó, Santa Catarina, Brasil. Doutorando em Filosofia Antiga pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Published

2012-10-05

How to Cite

Caram, J. P. (2012). Poros e Penia:: privação ou ambivalência do amor?. Revista Archai, (9), 107. Retrieved from https://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8350