@article{Fagundes_2019, title={Colheita dourada: A arranca do capim no gerais do Jalapão (TO)}, volume={44}, url={https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/10966}, DOI={10.4000/aa.3533}, abstractNote={<p>O Jalapão possui uma terra onde se queimando tudo dá. Por mais que isso possa parecer contraintuitivo, esse é o caso do capim-dourado. Como se costuma dizer por aquelas bandas, trata-se de uma planta que <em>só vem forte mó do fogo</em>. Pela taxonomia vegetal ele está inserido na família <em>Eriocaulaceae</em>, sendo uma florífera dentre as populares sempre-vivas. Pelos jalapoeiros, entretanto, esta cobiçada planta é tida como um capim. Tal acepção diz muito sobre sua estreita interação com as práticas do manejo bovino, pois a queima das veredas possibilita tanto a promoção do capim-dourado quanto a rebrota do capim agreste que alimenta o gado. A <em>arranca</em> <em>do capim</em> é uma atividade que mobiliza famílias inteiras entre o final da estiagem e o início das chuvas, em busca do material a partir do qual se confecciona artesanatos de grande importância para a economia jalapoeira. Precisamente, 20 de setembro é a data biopolítica demarcada pelos órgãos ambientais como o início da colheita do capim, entendendo que por volta deste período as hastes estejam secas e douradas para atrair o olhar dos turistas, mas também as sementes amadurecidas o suficiente para permitir a reprodução do vegetal. Este ensaio etnofotográfico retrata três dias de uma <em>arranca do capim</em> junto a Deni, Iracema, Belarmina e Dieison, na <em>rancharia </em>do brejo da Bocaina. Meus anfitriões na cidade de Mateiros (TO) e protagonistas deste ensaio são quilombolas e geralistas, como se autodenominam no Jalapão aqueles cuja vida depende do ambiente chamado de <em>gerais</em>. Para além do registro de uma atividade extrativista, a composição estética intenta dar destaque a tonalidades, gestos e posturas que caracterizam as interações com o capim-dourado no <em>gerai</em>s do Jalapão.</p> <p> </p> <p><strong>Nota</strong>: Este ensaio é parte de minha tese de doutorado em antropologia social, desenvolvida ao longo de onze meses de pesquisa de campo, entre os anos de 2014 e 2016. A pesquisa enfoca os modos de existência do fogo no ambiente de <em>gerais</em> e as transformações técnicas oriundas da nova política de manejo integrado do fogo no Jalapão ”“ envolvendo quilombolas, brigadistas e gestores ambientais da Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins. Em campo, a etnografia buscou conjugar o engajamento nas práticas de queima com a captação de imagens estáticas e em movimento, com vistas a uma análise praxiológica dos gestos. As fotografias que compõem este ensaio foram registradas com câmera fotográfica Nikon D5300 e lente 18-55mm.</p> <p> </p> <p>Crédito das imagens: Guilherme Moura Fagundes, Mateiros (TO), 2016.</p>}, number={1}, journal={Anuário Antropológico}, author={Fagundes, Guilherme Moura}, year={2019}, month={jun.} }