“Parentes diferentes”

etnicidade e nacionalidade entre os Ashaninka na fronteira Brasil-Peru

Autores

  • José Pimenta

Palavras-chave:

Amazônia, Ashaninka, fronteira, etnicidade, nacionalidade, desenvolvimento

Resumo

Após algumas reflexões sobre a antropologia em áreas de fronteira e uma breve caracterização da fronteira Brasil-Peru na região do Alto Juruá, este artigo aborda as relações entre os Ashaninka da aldeia Apiwtxa (Brasil) e os Ashaninka da Comunidade Nativa de Sawawo (Peru), duas comunidades vizinhas situadas no rio Amônia, um afluente do Juruá. Ele apresenta a concepção que os Ashaninka de Apiwtxa desenvolveram sobre a fronteira internacional e suas noções de identidade étnica e nacionalidade. Procura-se mostrar que o entendimento das dinâmicas identitárias contemporâneas nessa região de fronteira não pode ser desvinculado de seu contexto histórico mais amplo, ou seja, da situação política e econômica diferenciada que tem sido vivenciada pelas duas aldeias ashaninkas, caracterizadas por modelos de desenvolvimento e políticas indigenistas distintas e, em grande medida, opostas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBERT, Bruce. 2000. “Associações indígenas e desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira”. In: Carlos Alberto Ricardo (org.). Povos Indígenas no Brasil (1996-2000). São Paulo: Instituto Socioambiental. pp. 197-207.
ANDERSON, Benedict. 1991. Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. New York / London: Verso.
BAINES, Stephen Grant. 2006. “Entre dois Estados nacionais: perspectivas indígenas a respeito da fronteira entre Guiana e Brasil”. Anuário Antropológico, 2005: 35-49.
BARTH, Fredrik (org.). 1969. Ethnic Groups and Boundaries. The Social Organization of Culture Differences. Boston: Little Brown &Co.
CAPIBERIBE, Artionka. 2009. Nas duas margens do rio: alteridade e transformações entre os Palikur na fronteira do Brasil-Guiana Francesa. Tese de Doutorado, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. 1976. Identidade, etnia e estrutura social. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.
______. 1978. “O papel dos postos indígenas no processo de assimilação”. In: ___. A sociologia do Brasil indígena. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro/ Editora da Universidade de Brasília. pp. 20-27.
______. 2006. “Os (des)caminhos da identidade (Etnicidade e multiculturalismo). In:____. Caminhos da identidade: ensaios sobre etnicidade e multiculturalismo. São Paulo / Brasília: Editora Unesp / Paralelo 15. pp. 97-115.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto & BAINES, Stephen Grant (orgs.). 2005. Nacionalidade e Etnicidade em Fronteiras. Brasília: Editora da UnB.
CHAUMEIL, Jean-Pierre. 2000. “Par delá trois frontières, l’espace central du Trapèze amazonien (Pérou, Colombie, Brésil)”. Autrepart, 14: 53-70.
FARAGE, Nádia. 1991. As Muralhas dos sertões: Os povos indígenas no rio Branco e a colonização. São Paulo / Rio de Janeiro: Paz e Terra / ANPOCS.
FAULHABER, Priscila. 2001. “A fronteira na antropologia social: as diferentes faces de um problema”. BIB, 51: 127-134.
GRIMSON, Alejandro (org.). 2000. Fronteras, naciones e identidades. La periferia como centro. Buenos Aires: Ciccus-LaCrujía.
LÓPEZ GARCÉS, Claudia Leonor. 2000. Ticunas brasileros, colombianos y peruanos. Etnicidad y nacionalidade en la región de fronteras del alto Amazonas/ Solimões.Tese de Doutorado, CEPPAC, Universidade de Brasília.
LUCIANO, Gersem dos Santos. 2011. Educação para manejo e domesticação do mundo. Entre a escola ideal e a escola real. Os dilemas da educação escolar indígena no Alto Rio Negro. Tese de doutorado, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília.
MEIRELLES, Denise Maldi. 1989. Guardiães da fronteira. Rio Guaporé, século XVIII. Petrópolis: Vozes.
MUSOLINO, Álvaro Augusto Neves. 2006. Migração, identidade e cidadania palikur na fronteira do Oiapoque e litoral sudeste da Guiana Francesa. Tese de Doutorado, CEPPAC, Universidade de Brasília.
PEREIRA, Mariana. 2005. A Ponte Imaginária: o trânsito de etnias na fronteira do Brasil-Guiana. Tese de Doutorado, CEPPAC, Universidade de Brasília
PIMENTA, José. 2001. “De l’ethnocide à l´indianité: La question indienne dans l´État de l´Acre”. L’ordinaire Latino-Américain,184: 87-97.
______. 2002. “Índio não é todo igual”. A construção ashaninka da história e da política interétnica. Tese de Doutorado, Departamento de Antropologia, Universidade de Brasília.
______. 2004. “A história oculta da Floresta: Imaginário, conquista e povos indígenas no Acre”. Linguagens Amazônicas, 2: 27-44.
______. 2005. “Desenvolvimento Sustentável e Povos Indígenas: os paradoxos de um exemplo amazônico”. Anuário Antropológico, 2002/2003: 115-150.
______. 2007. “Indigenismo e ambientalismo na Amazônia ocidental: a propósito dos Ashaninka do rio Amônia”. Revista de Antropologia, 50 (2): 633-681.
______. 2008. “‘Viver em comunidade’: o processo de territorialização dos Ashaninka do rio Amônia”. Anuário Antropológico, 2006: 117-150.
______. 2010. “O caminho da sustentabilidade entre os Ashaninka do rio Amônia. In: Cássio Noronha Inglêz de Souza, Fábio Vaz Ribeiro de Almeida, Antonio Carlos de Souza Lima & Maria Helena Ortolan Matos (orgs.).Povos indígenas: projetos e desenvolvimento. Vol II. Rio de Janeiro: ContraCapa/Laced.
ROCHA, Leandro Mendes & Baines, Stephen Grant. 2008. Fronteiras e espaços interculturais. Goiânia: Editora da UCG.
RAMOS, Alcida Rita. 1996. “Nações dentro da nação: um desencontro de ideologias”. In: George Zarur (org.).Etnia e Nação na América Latina.Washington: OEA. pp. 79-87.
______. 1998. Indigenism. Ethnic Politics in Brazil. Madison: University of Wisconsin Press.
SANTILLI, Paulo. 1994. As fronteiras da República: História e política entre os Macuxi no Vale do rio Branco. São Paulo: NHII-USP/FAPESP.
SCOTT, James. 1990. Domination and the Arts of Resistance. Hidden Transcripts. London: Yale University Press.
SILVA, Cristhian Teófilo da & Baines, Stephen Grant.2009. “Antropologia nas fronteiras: contribuições teóricas e etnográficas para as ciências sociais nas Américas”. In: Ana Maria Fernandes & Sonia Ranincheski (orgs.).Américas Compartilhadas. São Paulo: Editora Francis.
SPRANDEL, Márcia Anita. 2005. “Breve genealogia sobre os estudos de fronteiras e limites no Brasil”. In: Roberto Cardoso de Oliveira & Stephen Grant Baines (orgs.). Nacionalidade e Etnicidade em Fronteiras. Brasília: Editora da UnB. pp. 153-203.
VALCUENDE, José Maria & ARRUDA, Rinaldo (orgs.). 2009. História e memória das três fronteiras: Brasil, Peru e Bolívia. São Paulo: Educ.
VALVERDE, Sebastián; MARAGLIANO, Graciela; IMPEMBA, Marcelo & TRENTINI, Florência. 2011. Procesos históricos, transformaciones sociales y construcciones de fronteras: aproximaciones a las relaciones interétnicas: estudios sobre norpatagonia, Argentina y Labrador Canadá. Buenos Aires: Faculdad de Filosofia y Letras ”“ Universidad de Buenos Aires.

Downloads

Publicado

2018-02-19

Como Citar

Pimenta, José. 2018. “‘Parentes diferentes’: Etnicidade E Nacionalidade Entre Os Ashaninka Na Fronteira Brasil-Peru”. Anuário Antropológico 37 (1):91-119. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6907.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.