“Alteridade contextualizada”

variações ashaninkas sobre o branco

Autores

  • José Pimenta

Palavras-chave:

Ashaninka, branco, cosmologia, história

Resumo

Como outros povos indígenas da Amazônia, os Ashaninka têm atribuído um significado muito peculiar ao branco, que eles destacam em seus discursos como a alteridade mais radical. Com base em uma pesquisa realizada com os Ashaninka do Rio Amônia (Alto Juruá, no Acre), este artigo articula as concepções cosmológicas desse povo indígena com sua história de contato com o mundo ocidental para desvendar algumas faces da categoria “branco”. Partindo da cosmologia nativa e do mito de origem do branco, que revelam sua estreita conexão com os espíritos maléficos, mostro como o contato tem se expressado na história recente desse povo em imagens extremamente negativas associadas aos “gringos” e “comunistas”, dois tipos de branco caracterizados por um comportamento violento. Termino apresentando algumas tentativas dos Ashaninka de pacificar o branco. Embora nunca sejam totalmente sucedidas, elas relatam um outro amigável e testemunham a complexidade e a ambiguidade dessa categoria nos dias atuais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBERT, Bruce & RAMOS, Alcida R. 2002. Pacificando o branco: cosmologias do contato no norte-amazônico. São Paulo: Unesp.
ANSIÓN, Juan M. 1989. “Presentación”. In: Juan M. Ansión (Org.). Pishtacos: de verdugos a sacaojos. Lima: Tarea. pp. 9-15.
BELLIER, Irène & HOCQUENGHEM, Anne-Marie. 1991. “De los Andes a la Amazonía: una representación evolutiva del ‘Outro’”. Bulletin de l’Institut Français d’Études Andines, 20(1):41-59.
BODLEY, John H. 1970. Campa Socio-economic Adaptation. Ph.D Dissertation, University of Oregon.
BROWN, Michael F. & Fernández, Eduardo. 1991. War of Shadows: The Struggle for Utopia in the Peruvian Amazon. Berkeley, Los Angeles and London: University of California Press.
CALAVIA SÁEZ, Oscar. 2000. “O inca pano: mito, história e modelos etnológicos”. Mana, 6(2):7-35.
CLASTRES, Pierre. 1980. “Mythes et rites des indiens d’Amérique du Sud”. In : ______. Recherches d’anthropologie politique. Paris: Seuil. pp. 59-101.
COMAROFF, Jean & COMAROFF, John. 1992. “The Colonization of Consciousness”. In: Jean Comaroff & John Comaroff. Ethnography and the Historical Imagination. Boulder, Oxford: Westview Press. pp. 235-263.
ELICK, John W. 1969. An Ethnography of the Pichis Valley Campa of Eastern Peru. Ph. D. Dissertation, University of California.
ERIKSON, Philippe. 1992. “Uma singular pluralidade: a ethno-história Pano”. In: Manuela Carneiro da Cunha (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. pp. 239-252.
ESPINOSA, Oscar. 1993. “Las rondas Ashaninka y la violencia política en la selva central”. America Indigena, LIII(4):79-101.
GOW, Peter. 1991. Of Mixed Blood: Kinship and History in Peruvian Amazonia. Oxford: Clarendon Press, Oxford.
IORIS, Edviges M. 1996. A Funai entre os Campa e os Brabos. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
LENAERTS, Marc. 2004. Anthropologie des indiens Ashéninka d’Amazonie : nos soeurs Manioc et l’étranger Jaguar. Paris: L’Harmattan.
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1987. Race et histoire. Paris: Denoël. Publicado originalmente em 1952.
LÓPEZ GARCÉS, Claudia L. 2000. Ticunas brasileiros, colombianos y peruanos: etnicidad y nacionalidad en la región de fronteras del alto Amazonas/Solimões. Tese de Doutorado, Universidade de Brasília.
MCCALLUM, Cecilia 1997. “Eating with Txai, Eating like Txai”. Revista de Antropologia, 40(1):109-147.
MENDES, Margarete K. 1991. Etnografia preliminar dos Ashaninka da Amazônia brasileira. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas. v. 2.
______. 1996. O clima, o tempo e os calendários. Mimeo. v. 2.
PEIRANO, Mariza G. e S. 1999. “Antropologia no Brasil (alteridade contextualizada)”. In: Sergio Miceli (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo: Sumaré, Anpocs. pp. 225-266.
PIMENTA, José. 2006. “De l’échange traditionnel à l’économie du ‘développement durable’ : la notion de ‘projet’ entre les Asháninka du Haut-Juruá (Amazonie brésilienne)”. Cahiers du Brésil Contemporain, 63/64:17-50.
______. 2007. “Indigenismo e ambientalismo na Amazônia ocidental: a propósito dos Ashaninka do Rio Amônia”. Revista de Antropologia, 50(2):633-681.
______. 2009. “Parceiros de troca, parceiros de projetos. O ayompari e suas variações entre Asháninka do Alto Juruá”. In: Maria Inês Smiljanic, Stephen G. Baines & José Pimenta (eds.). Faces da indianidade. Curitiba: Nexus. pp. 101-126.
RENARD-CASEVITZ, France-Marie. 1992. “História Kampa, memória Ashaninka”. In: Manuela Carneiro da Cunha (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras. pp. 197-212.
SANTOS, Fernando & BARCLAY, Frederica. 2011. “Bundles, Strampers, and Flying Gringos: Native Perceptions of Capitalist Violence in Peruvian Amazônia”. The Journal of American and Carribbean Anthropology, 16(1):143-167.
TAUSSIG, Michael. 1986. Shamanism, Colonialism, and the Wild Man. Chicago and London: The University of Chicago Press.
TURNER, Terence. 1993. “Da cosmologia à história: resistência, adaptação e consciência social entre os Kayapo”. In: Eduardo Viveiros de Castro & Manuela Carneiro da Cunha (org.). Amazônia: etnologia e história indígena. São Paulo: Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da Universidade de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. pp. 43-66.
VARESE, Stefano. 1968. La sal de los cerros: notas etnográficas e históricas sobre los Campa de la Selva del Perú. Lima: Universidad Peruana de Ciencias e Tecnología.
VEBER, Hanne. 2009. Historias para nuestro futuro ”” Yotantsi ashi otsipaniki. Copenhagen: IWGIA.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1996. “Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”. Mana, 2(2):115-144.
______. 1999. “Etnologia brasileira”. In: Sergio Miceli (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo: Sumaré, Anpocs. pp. 109-223.
WEISS, Gerald. 1969. The Cosmology of the Campa Indians of Eastern Peru. Ph.D Dissertation, University of Michigan.
WOODWARD, Hope D. 1991. Ashaninka Shamanic Healing Ritual and Song. Master Dissertation, University of Texas.

Downloads

Publicado

2018-02-16

Como Citar

Pimenta, José. 2018. “‘Alteridade contextualizada’: Variações Ashaninkas Sobre O Branco”. Anuário Antropológico 40 (1):279-306. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6808.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.