PARA ALÉM DOS CICLOS DE SANGUE: TRANSGRESSÃO E TRAGICIDADE EM ANTÍGONA, DE SÓFOCLES

Autores

  • Bárbara Cristina dos Santos Figueira UnB

DOI:

https://doi.org/10.26512/aguaviva.v3i2.23522

Palavras-chave:

Literatura Trágica; Teatro; Transgressão; Antígona, Sófocles.

Resumo

Na presente pesquisa dedicar-nos-emos à tragédia Antígona, de Sófocles (495- 406 a.C.), cujo conflito materializa-se na recusa de Antígona em aceitar a imposição do rei Creonte de manter insepulto seu irmão Polinices, o que configura uma ação de rebeldia da protagonista contra um governo autocrata e opressor. Confirmando a máxima de que a tragédia nasce do mito visto através do olhar do cidadão, a obra atesta o ingresso da democracia na vida cotidiana do grego e o fim das tiranias. Por meio do presente estudo afirmamos que Antígona, além de um dos mais belos questionamentos acerca dos limites do poder, converteu-se para sempre em um símbolo da liberdade de se agir contra o Estado (ROSENFELD, 2009), chegando até nós como o monumento da cultura ocidental que melhor apresenta as questões acerca da liberdade do sujeito de rebelar-se contra as estruturas que o oprimem. Nisto reside sua assombrosa atualidade. A partir desses pressupostos e com base nos estudo teórico-crítico de Bertold Brecht, György Lukács e Raymond Williams, propomos tecer relações entre a forma literária da tragédia e o conceito filosófico de trágico, pensando tanto a representação quanto a análise da realidade histórica a partir de uma perspectiva dialética.

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Biografia do Autor

Bárbara Cristina dos Santos Figueira, UnB

Mestra e doutoranda em Teoria Literária pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Práticas Sociais da Universidade de Brasília (2017), componente do grupo de pesquisa LIAME (Literatura, Artes e outras mídias) e do GDCT (Grupo de Pesquisa em Dramaturgia e Crítica Teatral); bacharel em Artes Cênicas com Habilitação em Interpretação Teatral pela Universidade de Brasília (2010) e licenciada em Artes Visuais pelo Instituto Cotemar (2014). É professora de Artes na rede pública de ensino pela Secretaria de Educação do Distrito Federal -SEDF e integrante do Coletivo de Quarta, grupo vinculado ao projeto Quartas Dramáticas (IL-UnB), no qual desempenha as funções de diretora teatral, atriz, produtora e pesquisadora.

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Publicado

2018-12-31

Como Citar

FIGUEIRA, Bárbara Cristina dos Santos. PARA ALÉM DOS CICLOS DE SANGUE: TRANSGRESSÃO E TRAGICIDADE EM ANTÍGONA, DE SÓFOCLES. Revista Água Viva, [S. l.], v. 3, n. 2, 2018. DOI: 10.26512/aguaviva.v3i2.23522. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/aguaviva/article/view/23522. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Dossiês